Concurso Centro Cultural Rio-Africa

Projeto da AORO para o concurso Internacional Centro Cultural Rio-África, promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro com organização do IAB-RJ .

Proposta não premiada.

Propostas inscritas em: https://concursorioafrica.org.br/propostas-cadastradas/

Autores: Núbia Nemezio; Pedro Esteves; Bruno Caio de Oliveira; Heloisa Marques
Marcele Wichan; Karla Victória da Silva Cerqueira; Litza Gomes e Tomás Leal.

Consultoras: Luciana de Amorim Albuquerque e Karolyna de Paula Koppke.

No contexto proposto, entendemos o centro cultural como um espaço aberto para estabelecer conexões e apropriações diretas com as diversas manifestações culturais e religiosas que se fazem presentes no contexto urbano, para além do abrigo de seu acervo expositivo: acolher o cenário rico de presenças de ocupações de luta por moradia, restaurantes, lojas, feiras urbanas e atividades de blocos de maracatu e afoxé que tratam diretamente da cultura da diáspora em suas diversas implicações e manifestações. Para isso, criou-se um térreo com instalações adaptáveis para receber palestras, aulas abertas, com banheiros e restaurante adaptável para aulas e apoio à rua.
Aprofundados os temas do grupo linguístico dos povos bantus, trouxemos o debate acerca da percepção do tempo não linear; da defesa da energia vital de um povo que se vê humano quando em comunidade, que defende o aprendizado pela experiência prática e se utiliza da palavra falada como ferramenta de disseminação de seus saberes.
Da praça coberta pode-se ver o edifício Docas refletido nos espelhos d´água projetados sobre a linha original do mar atestando sua importância histórica diante das transformações urbanas da cidade. A água nos ajuda ainda a refletir sobre a Kalunga e sua dimensão de grandeza, de mar, de tempo e de acalento ao povo escravizado, como explica Tiganá Santana. O espelho d’água, através de piso que se inclina a ele, convida os visitantes a passear, se refrescar, sentar e brincar em meio às águas, além de servir de lembrete para o limite original do mar.

O partido arquitetônico provoca contato visual dos visitantes com o edifício histórico do Docas ao longo de toda a extensão do programa, principalmente no vazio coberto que propõe no térreo, no deslocamento entre os dois volumes principais da edificação permitindo vê-lo também a partir da Avenida Venezuela, e ainda pela elaboração de um terraço que permitirá ao visitante testemunhar as transformações da paisagem.
Os visitantes são convidados aos espaços expográficos no centro do terreno no térreo e experienciam o percurso em movimento espiralar, passando pelas exposições através de espaço vazio e central do projeto que conecta todos os andares da edificação.
Gostaríamos agradecer ao IAB/RJ e a Prefeitura do Rio pela oportunidade de participar do concurso para o projeto Centro Cultural Rio-África localizado ao lado do Cais do Valongo. Este concurso, que com sua proposta lançou luz sobre temas de extrema relevância para sociedade brasileira e para cidade do Rio de Janeiro, conseguiu pela primeira vez dar protagonismo a uma narrativa preta e deu visibilidade àqueles que historicamente vem sendo ofuscados.
Gostaríamos de parabenizar também todos os competidores. Foi uma honra poder concorrer com propostas de altíssima qualidade técnica e teórica. Para nós, como escritório carioca, foi uma experiência de imersão riquíssima na história da nossa cidade e discussões e trocas que permanecerão para além do concurso.
Esperamos que a Prefeitura e o IAB/RJ continuem nessa empreitada pela equidade racial promovendo oportunidades. Esses Editais são de grande valia para a sociedade como um todo e são instrumentos de transparência e democracia que devem ser utilizados sem parcimônia a favor sociedade. Desejamos que essas oportunidades se proliferem e nos tragam projetos cada vez mais qualificados teórica e tecnicamente que consigam a atender as demandas e extrair o máximo das potencialidades da nossa cidade.
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